As geleiras da Antártida têm derretido em ritmo acelerado
nas últimas quatro décadas graças a um influxo de água quente do oceano. Uma
descoberta nova e surpreendente que os Investigadores dizem que pode significar
que o nível do mar deve subir mais rapidamente do que o previsto nas próximas
décadas.
A Antártida perdeu 40 biliões de toneladas de gelo a cada ano de 1979 a 1989. Esse número subiu
para 252 biliões de toneladas por ano a partir de 2009, segundo um estudo
publicado na revista Proceedings da National Academy of Sciences .
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Ártico encerra perigo que ameaça todo o planeta
Isso significa que a região está perdendo seis vezes mais
gelo do que há quatro décadas, um ritmo sem precedentes. (São necessários cerca
de 360 bilhões de toneladas de gelo para aumentar um milímetro do nível do
mar.)
"Eu não quero ser alarmista", disse Eric Rignot,
cientista da Universidade da Califórnia em Irvine e NASA que liderou o
trabalho. Mas ele disse que o problema na Antártida Oriental, que abriga a
maior camada de gelo do planeta, merecem um estudo mais profundo.
"O que está acontecendo na Antártida afeta o mundo
todo, e parece mais grave do que inicialmente se pensara. Isso, para mim, parece
ser motivo de preocupação.", disse Rignot.
Estas descobertas são o mais recente sinal de que o mundo
poderá enfrentar consequências catastróficas se a mudança climática persistir.
Além de secas mais frequentes, ondas de calor, tempestades severas e outras
condições meteorológicas extremas que podem vir a aquecer continuamente a
Terra, os cientistas já previram que os mares poderiam subir quase um metro até
2100 se não se reduzir as emissões de carbono.
Essa subida do nível do mar resultaria na inundação de
comunidades insulares em todo o mundo, devastando habitats da vida selvagem e
ameaçando o fornecimento de água potável. Os níveis globais do mar já subiram
de sete a oito polegadas desde 1900.
Todo o gelo da Antártida aumentaria em 57,2 metros o nível
do mar. Este maciço corpo de gelo flui para o oceano através de um conjunto
complexo de geleiras parcialmente submersas e espessas extensões flutuantes de
gelo chamadas plataformas de gelo.
O fluxo externo de gelo é normal e natural, e é normalmente
compensado por cerca de 2 triliões de toneladas de neve por ano, um processo
que por si só deixaria o nível do mar relativamente inalterado. No entanto, se
o fluxo de gelo acelerar, as perdas da camada de gelo podem ser superiores ao
volume de neve. Quando isso acontece, os mares sobem
É o que a nova pesquisa diz que está acontecendo. Os
cientistas chegaram a essa conclusão depois de verificar sistematicamente
ganhos e perdas em 65 setores da Antártida, onde grandes geleiras, ou glaciares
que desembocam numa plataforma de gelo, alcançam o mar.
É na Antártida Ocidental onde é maior a perda de gelo do continente.
A pesquisa de segunda-feira afirma essa descoberta, detalhando como uma única
geleira, Pine Island, perdeu mais de um trilião de toneladas de gelo desde
1979. A geleira Thwaites, a maior e potencialmente mais vulnerável da região,
perdeu 634 biliões.
Toda a camada de gelo do oeste da Antártida é capaz de fazer
subir o nível do mar em 5,28 metros, e agora está perdendo 144 biliões de
toneladas por ano.
A nova pesquisa destaca como algumas geleiras gigantescas,
que até agora foram muito pouco estudadas, estão perdendo quantidades
significativas de gelo. Isso inclui Cook e Ninnis, que são a porta de entrada
para a enorme Bacia Subglacial Wilkes e outras geleiras conhecidas como Dibble,
Frost, Holmes e Denman.
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Cientistas descobrem abundância de vida nas profundezas geladas doOceano Ártico
Denman, por exemplo, contém gelo que poderia aumentar o nível
do mar em quase um metro e meio e perdeu quase 200 biliões de toneladas de
gelo, segundo o estudo.
A nova pesquisa é coincidente em alguns aspetos com um importante
estudo publicado no ano passado por uma equipe de 80 cientistas que constatou
que as perdas de gelo da Antártica triplicaram numa década e agora totalizam
219 biliões de toneladas por ano. Essa pesquisa não encontrou grandes perdas
similares da Antártica Oriental, embora tenha notado que há uma grande
incerteza sobre o que está acontecendo lá.
Fonte//WashingtonPost