Estas imagens mostram uma família indígena olhando para as
ruínas de sua aldeia natal na floresta amazónica. Rodeados por solo seco e
madeira caída, sua terra natal foi totalmente destruída pela rápida desflorestação.
Durante o dia, o sol forte é obscurecido por fumo intenso e cinzento causada
por incêndios deliberadamente acendidos que estão fora de controlo em todo o
Brasil.
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O cheiro é a queimado, causado pela queima de imensas áreas da
maior floresta tropical do mundo. Raimundo Mura, líder indígena da tribo Mura,
que vive numa reserva perto de Humaitá, no Estado do Amazonas, disse: “Pela floresta, continuarei a lutar até a
minha última gota de sangue. Todas as árvores tinham vida, todas precisavam
viver, cada uma em seu lugar. Para nós isso é destruição. O que está sendo
feito aqui é uma atrocidade contra nós”.
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A floresta tropical é
o lar de cerca de um milhão de indígenas e três milhões de espécies de plantas
e animais. Mas está sendo dizimado a velocidade e numero recorde. Queimadas ou
limpas para agricultura e mineração. Os cientistas registaram mais de 74.000
incêndios no Brasil este ano, um aumento de 84% em comparação com o mesmo período
do ano passado. Esses incêndios podem ser vistos do espaço e mergulharam a cidade
de São Paulo na escuridão por causa do fumo espesso. No total, as chamas
criaram uma camada de fumo estimada em 1,2 milhão de milhas quadradas de
largura que se estende pela América Latina até a costa do Atlântico.
Handech Wakana Mura, outro líder local dentro da floresta,
disse: “Com o passar dos dias, vemos o
avanço da destruição, desmatamento, invasão e extração de madeira. Estamos
tristes porque a floresta cada dia morre mais. Sentimos que o clima está
mudando e o mundo precisa da floresta. Precisamos da floresta e nossos filhos
precisam da floresta." Os ambientalistas e académicos culparam o
governo brasileiro, sob o presidente de extrema-direita Jair Bolsonaro, por um
forte aumento da desflorestaçao na Amazônia. Bolsonaro que assumiu o poder em
Janeiro prometeu abrir a Amazônia à mineração e agricultura. Sua retórica teria
incentivado os fazendeiros a queimarem grandes partes da floresta para produção
de carne bovina e soja.
A poluição plástica esta contaminar todas as cadeias alimentares
Camila Veiga, da Associação Brasileira de ONGs, disse:
"Os incêndios são consequência de
uma política de devastação ambiental, de apoio ao agro-negócio, de aumento de
pastagens". Os incêndios têm durado cerca de três semanas e perde-se uma
área do tamanho de um campo de futebol por minuto. A preocupação global está
crescendo, já que a floresta tropical é a chave para combater o aquecimento
global por causa da maneira como absorve o dióxido de carbono e libera
oxigénio. Em grande parte, Bolsonaro ignorou a questão e até mesmo tentou
culpar as instituições de caridade ambientais, acusando-as de acender os
incêndios. Parlamentares da oposição disseram que os infernos são um
"crime contra a humanidade" e culpam suas políticas por alimentar as
chamas.
O presidente da França, Emmanuel Macron, classificou os
incêndios de uma crise internacional e disse que os líderes do G7 devem manter
discussões urgentes sobre eles durante a cúpula na França neste fim-de-semana.
Na sua página do Twitter Macron disse: “Nossa casa está queimando, literalmente.
A floresta amazónica, os pulmões que produzem 20% do oxigénio do nosso planeta
ardendo. Bolsonaro criticou Macron, afirmando que tinha sido alvo de uma
campanha de difamação e a comunicação social usava os incêndios para minar seu
governo. Seu chefe de gabinete, Onyx Lorenzoni, também acusou os países
europeus de exagerar os problemas ambientais no Brasil a fim de prejudicar seus
interesses comerciais.
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As relações entre a Europa e o Brasil estão tensas, o que
tem preocupado o poderoso setor agrícola. Na semana passada, a Noruega juntou-se
à Alemanha para suspender US $ 60 milhões em subsídios à proteção da Amazônia,
acusando o Brasil de não apoiar a luta contra o desmatamento. Líderes franceses
e alemães também ameaçaram não ratificar um acordo comercial entre a União Europeia
e países do Mercosul (Argentina, Brasil, Paraguai e Uruguai) para pressionar o
Brasil a cumprir suas promessas ambientais dentro do Acordo Climático de Paris.
Em contraste, o Reino Unido está atualmente numa missão comercial no Brasil
tentando estabelecer laços mais próximos após o Brexit. O país vizinho, a
Bolívia, também está lutando com incêndios florestais, muitos dos quais
acredita-se que foram ateados por agricultores que limpam a terra para o
cultivo.
Fonte//Metro