quinta-feira, 26 de julho de 2018

Pais de criança morta em tiroteio escrevem carta aberta a Zuckerberg

Depois da morte do filho de seis anos no massacre de Sandy Hook, nos EUA, Lenny e Veronique são vítimas de ataques e ameaças constantes nas redes sociais, sobretudo no Facebook.

 

Noah Pozner tinha seis anos quando, no dia 14 de dezembro de 2012, foi uma das 20 crianças assassinadas no massacre de Sandy Hook, uma escola primária no estado de Connecticut, nos EUA.

 

O atacante de 20 anos, Adam Lanza, que se suicidou no fim do tiroteio, entrou no estabelecimento de ensino e disparou indiscriminadamente, tendo também vitimado seis adultos. Antes, tinha assassinado a mãe em casa.

 

Numa carta aberta dirigida ao fundador do Facebook, Mark Zuckerberg, divulgada pelo The Guardian esta quarta-feira, os pais desta criança explicam que, desde aquele dia, estão numa “batalha constante com os provedores das redes sociais (…) para que nos protejam do assédio e das ameaças”.

 

 

“Quase imediatamente depois do massacre destas 20 crianças pequenas, todas com menos de sete anos, e de seis professores e funcionários da escola, os ataques começaram. Grupos de conspiração e provocadores anti-Governo começaram a alegar no Facebook que o massacre era uma farsa, que as vítimas eram ‘atores de crise’ e que o público deveria agir para ‘descobrir a verdade’ sobre as nossas famílias. Estas alegações e apelos à ação espalharam-se como um incêndio e, apesar dos nossos alertas, foram protegidos pelo Facebook”, acusam Lenny Pozner e Veronique de la Rosa.

 

“Embora os termos que usa, como ‘notícias falsas’ ou ‘grupos de conspiração marginais’, pareçam relativamente inócuos, deixe-me dar-lhes algumas dicas sobre os efeitos de permitir que a sua plataforma continue a ser usada como um instrumento para disseminar o ódio. Sofremos assédio, abuso e ameaças de morte online, por telefone e pessoalmente”, pode ler-se no jornal britânico.

 

Facebook tem uma “tremenda responsabilidade”


“A fim de nos proteger e aos nossos filhos, tivemos de nos mudar várias vezes. Estes grupos usam as redes sociais, incluindo o Facebook, para nos ‘caçar’, partilhando a nossa morada e vídeos da nossa casa. Estamos a viver escondidos. Estamos longe de estar sozinhos, já que muitas outras famílias que perderam entes queridos em tiroteios e outras tragédias relatam o mesmo tormento contínuo”.

 

“As nossas famílias estão em perigo como resultado direto de centenas de milhares de pessoas que veem e acreditam nas mentiras e discurso de ódio, que o senhor decidiu que deveria ser protegido. O que torna toda a situação ainda mais horrível é que tivemos que travar uma batalha quase inconcebível com o Facebook para nos fornecer as proteções mais básicas para remover o conteúdo mais ofensivo e incendiário”.

 

“Na sua recente entrevista, insinuou que o Facebook agiria mais rapidamente contra o assédio direcionado às vítimas de Sandy Hook do que os negadores do Holocausto, mas essa não é a nossa experiência. Na verdade, sugeriu que esse tipo de conteúdo continuaria a ser protegido e que a sua ideia de combater conteúdos incendiários era fornecer contrapontos para empurrar as ‘notícias falsas’ para baixo nos resultados de pesquisa. É óbvio que isso não nos garante qualquer proteção“.

 

Por isso, os pais de Noah deixam duas sugestões a Zuckerberg: que trate as vítimas de tiroteios em massa e outras tragédias como um grupo protegido, para que os ataques contra estas pessoas sejam especificamente contra a política do Facebook, e que forneça às pessoas afetadas acesso à equipa da rede social para que removam de forma imediata as publicações de ódio e assédio.

 

“O Facebook desempenha um papel gigantesco ao expor as massas à informação. Esse nível de poder vem com a tremenda responsabilidade de garantir que a sua plataforma não é usada para prejudicar os outros ou contribuir para a proliferação do ódio. No entanto, parece que, sob o disfarce da liberdade de expressão, o senhor está preparado para dar licença a pessoas que têm como único objetivo fazer exatamente isso”.

 

“Depois de sentir tanta esperança após a sua promessa no Senado de tornar o Facebook um lugar mais seguro para a interação social, estamos mais uma vez dececionados com os seus recentes comentários a apoiar um porto seguro para negadores do Holocausto e grupos de ódio que atacam vítimas da tragédia”.

 

“O nosso filho Noah já não tem voz e nunca mais vai poder viver a sua vida. A sua ausência é sentida todos os dias. Mas somos incapazes de nos lamentar pelo nosso bebé ou seguir em frente com as nossas vidas porque o senhor, indiscutivelmente o homem mais poderoso do planeta, considerou que os ataques contra nós são irrelevantes, que prestar assistência na remoção de ameaças é muito pesado e que as nossas vidas são menos importantes do que fornecer um refúgio seguro para o ódio”.

Fonte//Zap

Cientistas descobrem agua em Marte

Pesquisadores italianos anunciaram nesta quarta-feira (25) que há indícios de presença de água líquida em Marte. Segundo dados coletados por um radar da Agência Especial Europeia (ESA), há um "reservatório" de água líquida repousando abaixo de camadas de gelo e poeira na região polar sul do planeta vermelho.

 

A descoberta levanta a possibilidade de que se encontre vida no planeta, já que a água é essencial para a existência de organismos vivos. Os cientistas tentam há muito tempo provar a existência de água líquida em Marte. O estudo de pesquisadores, a maioria ligada ao Instituto Nacional de Astrofísica da Itália, foi publicado nesta quarta na revista "Science".

 

"A certeza vai existir só quando formos lá em Marte com uma sonda perfurar e medir", disse Galante. O trabalho foi feito com a ajuda do radar da sonda Mars Express, lançada em 2003, que mediu a quantidade de água na geleira. Os dados foram coletados entre maio de 2012 e dezembro de 2015.

 

 

As próximas missões até o planeta vermelho, como a Mars 2020, deverão fazer perfurações, mas não conseguirão chegar a esse novo reservatório descoberto – os instrumentos conseguem perfurar apenas alguns metros, e seria necessário chegar mais fundo.

 

Profundidade incerta


Outra questão é que o estudo não determina a profundidade exata do reservatório. Isso significa que os cientistas não puderam especificar se é um lago subterrâneo ou  algo parecido com um aquífero ou apenas uma camada de lodo.

 

"Em comparação com os lagos terrestres, é um lago pequeno com seus 20 quilômetros de diâmetro. Mas não conseguimos saber a profundidade porque a água atenua o sinal do radar", disse o astrônomo autor do estudo, Roberto Orosei, em entrevista para a BBC.

 

"Mesmo no caso mais pessimista, portanto, acredito que o volume de água deve ser de várias centenas de milhões de metros cúbicos."

 

 

 

Esse lago, ou reservatório, é muito parecido com um outro encontrado na Antártica, o Vostok. Ele é estudado há anos por cientistas para ser uma referência – eles querem entender se é possível a proliferação de vida no local.

 

Além disso, ainda em 2015, a Nasa apontou que o "Planeta Vermelho", por sua distância do Sol, seria muito gelado para conseguir manter água na forma líquida na superfície, mas os sais no solo poderiam diminuir seu ponto de congelamento, permitindo a formação de camadas de água bem salgada – como uma salmoura.

 

O que é importante entender é que esses sais na água de Marte, os percloratos, podem não ser os melhores para proliferação de organismos vivos e são tóxicos. Pesquisadores mostram, no entanto, que há alguns tipos de vida que poderiam viver nessa salmoura do planeta vermelho.

 

"Há muito tempo já dizia que a superfície de Marte seria inabitável por causa desse sal. Mas desde 2017 estão saindo trabalhos mostrando micro-organismos na Terra que são resistentes. Quem sabe eles também estão em Marte?", completou.

 

Fonte//ZAP