A mineração de ouro em pequena escala destruiu mais de
170.000 acres de floresta indígena na Amazônia peruana nos últimos cinco anos,
de acordo com uma nova análise feita por cientistas do Centro de Inovação
Científica da Amazônia (CINCIA) da Universidade Wake Forest.
É uma área maior que São Francisco e 30% maior do que a que
havia sido contabilizada na última analise.
"A escala da desflorestação é realmente chocante",
disse Luis Fernandez, diretor executivo do CINCIA e professor associado de
pesquisa no departamento de biologia. "Em 2013, o primeiro estudo sobre a
floresta peruana perdida devido á mineração indicou 30.000 hectares. Cinco anos
depois, encontramos quase 100.000 hectares."
Os cientistas do CINCIA, com base na região de Madre de Dios,
no Peru, desenvolveram um novo método para identificar áreas destruídas por
essa mineração em pequena escala ou em escala artesanal. Combinando a tecnologia
existente de monitorizaçao de florestas CLASlite e conjuntos de dados de Mudança
Florestal Global na perda de florestas, esta nova ferramenta de deteção de desflorestação
é 20-25% mais precisa do que as usadas anteriormente.
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Tanto o CLASlite quanto o mapa Global Forest usam diferentes
tipos de informação das ondas de luz para mostrar mudanças na paisagem.
Combinar os dois métodos fornece informações sobre o tipo específico de desflorestação
que procuramos", disse Miles Silman, diretor associado de ciência do
CINCIA e diretor do Centro de Energia, Meio Ambiente e Sustentabilidade da Wake
Forest (CEES). Silman que pesquisou biodiversidade e ecologia na Amazônia
Ocidental e nos Andes por mais de 25 anos.
A mineração de ouro em escala artesanal é sido difícil de
detectar porque seus efeitos secundários ficam escondidos das imagens de satélite
nas áreas húmidas naturais. Mas os danos são enormes. Pequenas equipas de mineiros
artesanais não tentam atingir o filão mãe, mas, preferem a recolher pepitas de
ouro na floresta tropical.
Há ouro suficiente na floresta para ganhar muito dinheiro numa
economia em dificuldades. Só é preciso escavar uma imensa quantidade de terra
para obtê-lo.
Para obter o ouro, eles escavam a terra ou sugam os
sedimentos do rio, e então usam mercúrio tóxico para tirar o precioso metal das
sucatas. Os resultados são ambientalmente catastróficos.
"Tiram tudo o que está acima do solo, vastas quantidades
de floresta tropical, e então transportam a terra para uma central de lavagem e
lavam tudo para ficar só o ouro. O que sobra é um ambiente deserto", disse
Silman.
A mineração de ouro em escala artesanal enraizou-se na
Amazônia peruana no início de 2000, coincidindo com a construção de uma nova
autoestrada ligando o Peru e o Brasil. A Rodovia Interoceânica fez com que a
floresta remota e protegida do Peru fosse acessível a qualquer um. Costumava
demorar duas semanas de carro todo-terreno para viajar de Cuzco até Puerto
Maldonado, a capital de Madre de Dios, durante a estação chuvosa, agora leva
apenas seis horas a bordo de um autocarro de luxo com ar-condicionado.
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Como a mineração de ouro em escala artesanal não requer maquinaria
pesada e, portanto, envolve gastos mínimos, proporcionou uma oportunidade
ganhos para os trabalhadores pobres das terras altas dos Andes em busca de
fortuna em Madre de Dios. Quando regressam para casa, deixam um sem número de
lagoas poluídas pelo mercúrio, montanhas de terra, e a paisagem sem árvores e
sem a maior parte da vegetação.
O CINCIA fez uma parceria com o Ministério do Meio Ambiente
do Peru para tentar entender como a nova ferramenta desenvolvida pode ser usada
para identificar a desflorestação causada pela mineração de ouro em escala
artesanal e tomar medidas efetivas para conter os danos.
Os cientistas do CINCIA também estão estudando espécies
nativas que podem ser usadas para reflorestação pós-mineração, com uma área experimental
de 115 acre na sede do CINCIA.
Fonte//ScienceDaily