domingo, 11 de agosto de 2019

Aquecimento global pode fazer a Corrente do Golfo parar


Um dos efeitos mais temidos do aquecimento global pode realmente acontecer. A Corrente do Golfo, que que leva calor dos trópicos à Europa e a mantém com temperaturas amenas, é mais vulnerável às mudanças do clima do que inicialmente se pensava. Um modelo climático feito por um grupo de cientistas chineses trabalhando nos EUA, levou-os a concluir que a corrente oceânica, poderá parar completamente caso o aquecimento continue. Por outro lado, essa paragem ocorreria ao longo de séculos e não em anos ou mesmo décadas.


Photo NASA

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A Corrente do Golfo, essa imensa corrente oceânica é um dos principais sistemas de regulação do clima da Terra, Trata-se de uma corrente quente que desloca-se pela superfície do Atlântico tropical até ao Ártico. Ao entrar no Atlântico Norte, vai esfriando e tornando-se mais salgada (devido à evaporação da água), afundando e voltando aos trópicos de novo numa corrente fria submarina. É a dissipação do calor dessa corrente que mantém o norte da Europa com um clima relativamente tépido, mesmo estando numa latitude elevada.
Desde 1980 os cientistas têm-se mostrado preocupados com o fato de, o aquecimento global, ao derreter o gelo e a neve do Ártico, lançaria grande quantidade de água doce no oceano, diluindo o sal da corrente e impedindo que esta afundasse. O efeito imediato seria paragem da corrente e o consequente arrefecimento da Europa, que entraria numa espécie de idade do gelo. Isso já aconteceu há 8.200 anos e e colocou a Europa na “idade do gelo” durante dois séculos. Tal pode acontecer de novo de forma rápida e causar problemas sérios à civilização.







O filme “O Dia Depois de Amanhã”, de 2004, exemplifica bem o que poderia acontecer, e apesar de ser um filme de ficção, os livros de Julio Verne também o eram, relata mais ou menos de uma forma realista o que poderia acontecer se a Corrente do Golfo simplesmente parasse.
A desaceleração da Corrente do Golfo é um fato. Precisamos estar atentos e entender como essa dinâmica de desaceleração funciona porque, se essa correia transportadora de calor parasse, seria um problema. Países como os do norte da Europa ficariam com Invernos muito rígidos.
As observações feitas até agora, têm mostrado que precisamente desde 2004 a corrente oceânica desloca-se com a sua menor velocidade dos últimos mil anos, muito provavelmente por causa do aquecimento global. Alguns cientistas dizem mesmo que o colapso já começou.
Os modelos climáticos que simulam o clima da Terra no futuro, usados pelo IPCC (o painel do clima da ONU),não conseguem ser precisos e, por consequência, a paragem repentina da corrente é considerada pouco provável.


Photo Google Images

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A origem do problema está no Atlântico Sul, perto do equador, onde a chamada Zona de Convergência Intertropical, recebe chuvas constantes num cinturão de tempestades onde as massas de ar aquecido dos dois hemisférios se encontram.
Os modelos do IPCC assumem que há mais água doce oriunda dessas chuvas na corrente do que há na realidade, causando nos modelos uma ilusão de estabilidade. Quanto mais água doce no trópico, menor a diferença de salinidade perto do Ártico, portanto, e portanto a corrente estaria mais estável.
Os cientistas então ajustaram um dos modelos de acordo com parâmetros de salinidade que eles consideravam mais realistas. Logo depois da correção a corrente tornou-se mais instável e vulnerável ao próprio aquecimento da água do mar, algo que está mais de acordo com as observações.
Os pesquisadores usaram o modelo ajustado para estimar o que acontece com a corrente oceânica caso o nível de CO2 na atmosfera duplique, algo que acontecerá por volta de meados do século se não forem tomadas medidas radicais de controlo das emissões






Como resultado, e nas simulações, o colapso da corrente ocorre 300 anos após a quantidade de CO2 duplicar na atmosfera, o que é uma boa notícia tendo em conta que 300 anos é muito tempo para a vida humana. No entanto muitas mudanças podem ocorrer antes de a corrente parar. Além disso, o resultado é baseado num modelo e num cenário simples de aquecimento. Não foi considerado um fator importante e recente, o degelo da Gronelândia. Ao colocar excesso de água doce no oceano no Ártico, o derretimento desse gelo, poderia agravar a situação da corrente já enfraquecida pelo aquecimento da superfície



Photo 20th Century Fox

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Um efeito esperado dessa redução na corrente, por exemplo, é a mudança nos padrões de chuva em várias regiões do planeta. Um dos lugares que seria mais afetados é o Brasil. Estudos do grupo do geólogo de Francisco Cruz, da USP, já mostraram que em alturas da redução da Corrente do Golfo, no passado, corresponderam períodos de chuvas torrenciais no Brasil, devido ao deslocamento da Zona de Convergência Intertropical para o sul.
São necessários mais estudos para medir as oscilações de velocidade da Corrente do Golfo, e assim conseguir uma visão mais correta do futuro climático do nosso planeta.

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Fonte//Oeco Ideegreen