quinta-feira, 5 de setembro de 2019

As características do furacão Dorian ligadas às mudanças climáticas

A ligação da mudança climática a furacões como Dorian é forte. Os oceanos mais quentes provocam tempestades mais fortes e com a subida o nível do mar, as tempestades provocam inundações.
Depois de analisar mais de 70 anos de dados de furacões no Atlântico, o cientista da NASA Tim Hall relatou que as tempestades se tornaram muito mais propensas parar em terra, prolongando o tempo em assola as cidades e povoações com ventos devastadores e chuva.



Photo NOAA

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Mas esses números nunca prepararam Tim Hall para as imagens desta semana, o Dorian rodopiando como uma tempestade de categoria 5, monstruosa e quase imóvel, acima das ilhas de Great Abaco e Grand Bahama.
Depois de assolar as Bahamas mais de 40 horas, o Dorian finalmente desviou-se para o norte na terça-feira como uma tempestade de categoria 2.
Espera-se que contorne as costas da Flórida e da Geórgia antes de tocar terra novamente nas Carolinas, onde poderá gerar mais ventos, e chuvas.
O furacão bateu os recordes tanto pela sua intensidade mas também pela sua velocidade sobre as Bahamas. Mas também já vai seguindo uma tendência, O Dorian tornou 2019 o quarto ano consecutivo em que um furacão de categoria 5 se formou no Atlântico.




Os meteorologistas e cientistas afirmam que cada vez mais os furacões serão mais fortes à medida que o clima aquecer.
A rápida intensificação de Dorian no fim-de-semana não tem precedentes para um furacão que já era tão forte. No espaço de nove horas no domingo, a velocidade do vento aumentou de 240 km / h para 290 km / h.
No momento em que a tempestade atingiu o solo, o vento de 298 km / h era o mais forte observado no Atlântico.
O calor no oceano é o motor de um furacão, e os oceanos de todoo mundo absorveram mais de 90% do aquecimento dos últimos 50 anos, segundo a Administração Nacional Oceânica e Atmosférica.
A tempreratura da água onde o Dorian se desenvolveu foi cerca de 1 grau Celsius mais quente que o normal, e isso traduz-se em muita energia.


Photo The Washington Post

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Como o ar quente pode reter mais umidade, as mudanças climáticas aumentaram a quantidade de vapor de água na atmosfera, levando a furacões mais húmidos que provocam chuvas mais extremas.
Os modelos preveem que os furacões das categorias 4 e 5 no Atlântico Norte podem duplicar no próximo século, como resultado das mudanças climáticas, mesmo sendo menor o número total de tempestades.
Quando um furacão atinge a terra, o aumento do nível do mar criado pelo aquecimento global pode exacerbar seus efeitos, ampliando a onda de tempestades. Os fortes ventos de um furacão empurrarão a água em direção à costa, causando inundações extremas num curto espaço de tempo.
O furacão Dorian foi particularmente impressionante e devastador, principalmente devido á maneira como permaneceu nas Bahamas. Tais situações de deslocamento lento tornaram-se muito mais comuns nos últimos três quartos de século, disse Hall, cientista sênior do Instituto Goddard de Estudos Espaciais da NASA.


Num estudo publicado na revista Climate and Atmospheric Science em junho, Hall descobriu que os furacões do Atlântico Norte diminuíram cerca de 17% desde 1944, e que as médias anuais de chuvas costeiras resultantes dos furacões aumentaram cerca de 40% no mesmo período. Um artigo de 2018 descobriu que os ciclones tropicais em todo o mundo diminuíram significativamente.
Hall e seus colegas acreditam que há um "sinal de mudança climática" nesse fenômeno, embora ainda estejam estudando a ligação entre o aquecimento causado pelo homem e as tempestades que se movem lentamente.
Os furacões não têm motores próprios, em vez disso, eles são guiados pela superfície da Terra por ventos atmosféricos, como rolhas rolando num redemoinho.


Photo NOAA

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Se esses ventos-guia colapsarem, ou simplesmente mudarem, um furacão pode ser apanhado nesse redemoinho e parar, disse Hall.
Simulações climáticas mostraram que os ventos atmosféricos nos subtópicos, onde está Dorian, estão diminuindo a velocidade, tornando esses tipos de turbilhões mais prováveis.
O que os pesquisadores podem fazer é avaliar o desastre, como resultado do aquecimento causado pelo homem e qual a probabilidade de que esse tipo de desastre ocorra novamente.
Quando se trata do Dorian, as respostas para ambas as perguntas são difíceis.
O certo é que temos que nos preparar para eventos destes que serão mais frequentes e mais potentes.

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Fonte//The Washington Post