segunda-feira, 2 de setembro de 2019

Como um inverno nuclear afetaria todo o planeta



Com o fim da Guerra Fria e com a ameaça do aquecimento lobal, poucos de nós imaginam o que poderia ser um inverno nuclear no mundo de hoje. O climatologista da Universidade Rutgers, Alan Robuck, debruçou-se sobre este assunto e estudou o facto possível.


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Robuck fez um estudo juntamente com uma pequena equipa de colegas cientistas ambientais e atmosféricos para verificar as consequências de um hipotético inverno nuclear.
Segundo seus cálculos, se todas as armas nucleares da Rússia e dos EUA fossem usadas num conflito, haveria uma queda impressionante nas temperaturas globais, menos precipitação e consequentemente muito menos comida disponível.
Num conflito a este nível, as partículas nucleares seriam transportadas entre os hemisférios em duas semanas. As temperaturas globais cairiam cerca de 9 graus Celsius em apenas 12 meses.
Mas estes são valores médios, em muitos lugares da Europa e da América do Norte, até no verão registar-se-iam  temperaturas cerca de 20 graus Celsius mais baixas do que são agora.



Os que sobreviverem, abrigando-se e resistindo durante cinco ou seis anos, precisarão se preocupar com a comida e com a escassez de água. O inverno limitaria não só o crescimento das plantas, como os aerossóis na atmosfera poderiam reduzir os valores médios de precipitação em 30% em todo o planeta, isto nos primeiros meses apos o conflito, mas ao longo dos anos, poderia cair ainda mais, entre 47 e 58%.

Mas que tipo de guerra pode desencadear um inverno nuclear tão dramático?

No início dos anos 80, no final da Guerra Fria, havia o receio terrível de que os EUA e a União Soviética pudessem entrar em conflito e usar as suas armas nucleares.
Enquanto a maioria das pessoas temia as explosões devastadoras e as consequências radioativas, um cientista atmosférico americano chamado Richard P. Turco estava mais preocupado com as nuvens de detritos na atmosfera superior.



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Foi Turco quem criou o termo inverno nuclear, que não é mais que o arrefecimento da superfície do planeta devido a uma nuvem de poeira fina, cinzas e fuligem deixada pelas bombas nucleares detonadas em várias cidades.
Ele e a equipa de pesquisa foram os primeiros a mostrar como os detritos e fumo injetados na troposfera devido aos incêndios urbanos poderia afetar o clima numa vasta área.
Ao longo das décadas, os climatologistas estudaram regularmente o cenário de inverno nuclear de Turco com dados adicionais e ferramentas matemáticas mais precisas para ajustar previsões de como seria a humanidade no tempo pós-apocalíptico.
Em 2007 , Robuck aplicou pela primeira vez um modelo de circulação atmosfera-oceano formulado pela NASA para determinar o que poderia acontecer se 150 milhões de toneladas de areia fossem projetadas na atmosfera.




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Doze anos depois, Robuck e sua equipe testaram novamente seus cálculos, colocando suas velhas matemáticas contra os modelos climáticos mais aprimorados. Os resultados são idênticos.
A verdadeira questão é: quanto tempo duraria esse inverno nuclear?
Tudo isso dependeria de algumas variantes, é claro
Embora haja espaço para especulações, alguns cenários são mais prováveis ​​que outros.
Com base em estratégias históricas de guerra, podemos concluir que haveria muito mais devastação urbana do que rural, atingindo indústrias e transportes e enviando concentrações de fuligem e outras partículas finas para o ar.
O modelo mais novo de Robuck otimista indica uma recuperação de temperatura em cinco anos. Mas no modelo climático da NASA, o aquecimento demora um pouco mais, começando ao sétimo ano. O mais provável é demorar cerca de uma década para que o manto de nuvens disperse e absorva a radiação solar.


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Embora todos saibamos que um aumento de dois graus Celsius, graças ao aquecimento global, é um dos nossos problemas mais prementes, enquanto houver armamento nuclear, o arrefecimento global catastrófico é algo que se pode considerar.
Há dois anos, a ONU convocou uma conferência para negociar um Tratado sobre a Proibição de Armas Nucleares, apenas metade das cinquenta nações exigidas como signatárias concordou com seus termos, mas nelas não se inclui os EUA .