A pergunta é tão antiga quanto a nossa existência, e a
resposta é provavelmente não. Para alguns cientistas, essa nem é sequer a
questão. A pergunta que devemos fazer seria. “Por que ainda não fizemos contato
com civilizações alienígenas?” Afinal, a ciência já descobriu mais de 4 mil exoplanetas
confirmados somente na Via Láctea, os astrônomos pensam que haja mais de 50 mil
milhões de exoplanetas no resto do universo.
Alguns destes astrônomos, astrofísicos, biólogos, sociólogos,
psicólogos e historiadores que defendem que a questão não é se os
extraterrestres existem, mas por que ainda não fizemos contato com eles,
reuniram-se em Paris nesta semana para debater algumas hipóteses, e algumas
delas são bem interessantes.
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De dois em dois anos, o METI Internacional (METI é uma sigla
em inglês que significa mensagens de inteligência extraterrestre) organiza um
workshop de um dia em Paris intitulada “O que é a vida? Uma perspetiva
extraterrestre”. Essa questão do porquê de não termos detetado vida
extraterrestre tem sido discutido com frequência, mas como ponto único deste
workshop, muitas das palestras deram de uma explicação controversa sugerida
pela primeira vez na década de 1970 chamada ‘hipótese do zoológico’”, explica
Florence Raulin Cerceau, co-presidente do workshop e membro do Conselho de
Diretores do METI, em entrevista ao portal da revista Forbes.
É isso mesmo. Há uma hipótese que afirma que podemos estar numa
espécie de “zoológico espacial”. A base da ideia é que há civilizações
alienígenas lá fora que sabem tudo sobre nós, mas intencionalmente se escondem
de nós (qualquer coincidência com a música Spaceman, de David Bowie, talvez não
seja mera coincidência). Isso explicaria o “Grande Silêncio”, termo usado por
Enrico Fermi para definir a falta de comunicação com civilizações
extraterrestres inteligentes.
“Talvez os
extraterrestres estejam observando os humanos na Terra, assim como observamos
os animais em um zoológico”, explica Douglas Vakoch, presidente do METI. “Como podemos fazer com que os funcionários do
zoológico galáctico se mostrem? ” Vakoch propôs que deveríamos ser mais ativos na busca por inteligência
extraterrestre, e exemplificou “Se
fossemos a um zoológico e de repente uma zebra se voltasse para nós, nos
olhasse nos olhos e começasse a fazer uma série de números primos com seus
cascos, isso estabeleceria uma relação radicalmente diferente entre nós e a
zebra, e sentíramo-nos forçados a responder. Podemos fazer o mesmo com
extraterrestres, transmitindo sinais de rádio poderosos, intencionais e ricos
em informações para estrelas próximas”.
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Luzes 'Alienígenas' no Reino Unido deixam internautas intrigados
Mas por que os extraterrestres fariam isso? Por que nos
observariam, sem manter nenhum contato? Talvez para aumentar o seu conhecimento
sobre a nossa espécie ou sobre a Terra. Alguns investigadores defendem, porém,
que isso seria um ato de benevolência. “Parece
provável que os extraterrestres estejam nos impondo uma “quarentena galáctica”
porque eles sabem que seria culturalmente perturbador sabermos sobre eles”,
aponta Jean-Pierre Rospars, diretor honorário de pesquisa do Instituto Nacional
da Pesquisa Agronômica e outro dos responsáveis pelo workshop.
“A evolução cognitiva
na Terra mostra características aleatórias enquanto também segue caminhos
previsíveis. Podemos esperar o surgimento repetido e independente de espécies
inteligentes no universo, e devemos esperar ver formas de inteligência mais ou
menos semelhantes em toda parte. Não há razão para pensar que os homens
alcançaram o mais alto nível cognitivo possível. Podem existir níveis mais
altos na Terra, no futuro, e já podem existir noutros lugares” afirma.
“Estamos muito
interessados na abordagem científica usada na análise do Paradoxo de Fermi e
na busca de vida inteligente no universo. A questão ‘estamos sozinhos?’ afeta-nos
a todos, porque está diretamente relacionada à humanidade e ao nosso lugar no
cosmos”, acrescentam Cyril Birnbaum e Brigitte David da Cité des Sciences
et de l’Industrie (Cité), onde a reunião teve lugar.
O físico italiano Enrico Fermi é famoso por ter perguntado
“onde está todo mundo?” em 1950, no que se tornou o que conhecemos como
Paradoxo de Fermi, aborda essa contradição na astronomia. Se existe vida
extraterrestre e mesmo civilizações alienígenas inteligentes, que não são
apenas possíveis mas altamente prováveis, então por que nenhuma delas entrou em
contato connosco? Existem explicações biológicas ou sociológicas para este
grande silêncio? A hipótese do zoológico, por mais depreciativa que seja para a
raça humana, pode ser uma resposta.
Apesar dos avanços que a astronomia teve nos últimos
séculos, as tentativas para comunicarmos com civilizações alienígenas são,
vistas de um ponto de vista universal, primitivas. Por enquanto, a
radioastronomia é a única forma que os homens têm de enviar mensagens para o
cosmos. Segundo alguns cientistas, porém, apenas a colonização completa de
outras estrelas pode provar a existência de vida inteligente noutros lugares do
cosmos.
“Parece que, embora as
comunicações de rádio forneçam um meio natural para a busca de inteligência
extraterrestre para civilizações com alguns milênios, as civilizações mais
antigas deveriam desenvolver programas extensivos de colonização interestelar.
Esta é a única maneira de obter provas indiscutíveis, a favor ou contra a
existência de inteligência extraterrestre”, sugere Nicolas Prantzos,
diretor de pesquisa do Centro Nacional de la Recherche Scientifique (CNRS),
também para a Forbes.
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Camara da Estação Espacial Internacional filma estranhos objetos nas imediações
Por enquanto, não sabemos absolutamente nada, nem mesmo se
eles são parecidos connosco. “O ambiente
num exoplaneta vai impor suas próprias regras. Não há tendência na evolução
biológica, a enorme variedade de várias morfologias observadas na Terra torna
improvável qualquer especulação exobiológica, pelo menos para a vida ‘complexa’
macroscópica”, explica Roland Lehoucq, astrofísico que trabalha no
Commissariat l’Energie Atomique (CEA), na mesma matéria. Cético de que os
humanos teriam muito em comum com as formas de vida extraterrestres, Lehocq
discutiu no workshop sobre o persistente antropocentrismo da nossa compreensão
e descrição da vida alienígena “e quão
difícil é para os humanos imaginar a inteligência extraterrestre radicalmente
diferente de nós mesmos”.
Isso tudo são só hipóteses é obvio. Também é possível que
não tenhamos ouvido falar de alienígenas por vários outros motivos, seja porque
eles estão presos em enormes mundos “super-terrestres” pela atração intensa da
gravidade, ou mortos porque suas civilizações avançadas já se destruíram, como
pode acontecer com a humanidade, através do consumo desenfreado dos recursos
naturais do planeta. Só saberemos a verdade quando, e se, um dia os
encontrarmos, ou eles nos encontrarem.
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Fonte//Hypescience