segunda-feira, 4 de março de 2019

O desaparecer das nuvens trás nova ameaça


Há 50 milhões de anos, período conhecido como Eoceno, o Ártico não era coberto de gelo como hoje. A Terra era cerca de 13ºC mais quente, e a paisagem no extremo norte do planeta era sobretudo florestas pantanosas repletas de crocodilos, semelhantes às encontradas hoje ao sul dos EUA.




Alterações climáticas podem tornar os verões mais tempestuosos




Para tentar entender o que deixou o planeta tão quente no passado, e o que pode acontecer com o clima no futuro, cientistas usam modelos matemáticos que unem dados recolhidos e analises computadorizadas. Os resultados desta projeção indica que a concentração de CO² na atmosfera teria que ser de 4 mil partes por milhão (ppm) para que a temperatura ficasse tão quente como no passado. Isso é uma concentração muito alta de carbono. Para se ter uma ideia, a concentração atual é de 410 ppm.

Ainda não se sabe exatamente o que causou as temperaturas elevadas de há 50 milhões de anos, mas uma nova pesquisa publicada na Nature Geoscience indica que a resposta pode estar nas nuvens.
Cerca de 20% dos oceanos subtropicais estão cobertos por uma baixa e fina camada de nuvens, chamadas de estrato cúmulos. Estas nuvens refletem a luz do sol para o espaço e arrefecem a Terra, sendo fundamentais para regular o clima no planeta.
O problema é que os movimentos do ar que sustentam essas nuvens são muito pequenos para serem calculados, e acabam ficando de fora das medições climáticas globais.

Para contornar essa limitação, os investigadores criaram um modelo em pequena escala de uma seção atmosférica representativa por cima de um oceano subtropical, simulando em supercomputadores as nuvens e seus movimentos turbulentos.
Nas projeções, quando a concentração de CO² excedia os 1.200 ppm, as nuvens desapareciam. Sem a cobertura delas, o calor do Sol, antes refletido, era absorvido pela terra e pelo oceano, representando um aquecimento local de 10ºC. Globalmente, a temperatura subiria 8ºC rapidamente, o que significaria o fim da vida como conhecemos.








Depois das nuvens desapareceram, não voltaram a aparecer até que os níveis de CO² baixaram para níveis substancialmente abaixo de quando a primeira instabilidade ocorreu. De acordo com os cientistas, se a emissão de carbono mantiver a tendência atual, chegaríamos à concentração catastrófica do CO2 em meados do próximo século.
"Acredito e espero que as mudanças tecnológicas desacelerem as emissões de carbono para que não alcancemos concentrações tão altas de CO². Mas nossos resultados mostram que há limites perigosos de mudanças climáticas dos quais não tínhamos conhecimento", disse o líder do estudo, Tapio Schneider, professor de Ciências Ambientais e Engenharia da Caltech e investigador do Jet Propulsion Laboratory, da NASA.

O investigador, no entanto, aponta para a necessidade de novos estudos e ressalta que a concentração limite de 1.200 ppm na atmosfera é apenas um número aproximado. As nuvens e a humanidade podem desaparecer com concentrações menores ou maiores.
"Esta pesquisa aponta para um ponto cego nos modelos climáticos", afirmou Schneider, líder atual do Climate Modeling Alliance (CliMA). O consórcio usará ferramentas de assimilação de dados e simulações de alta resolução num modelo que representa nuvens e outros recursos importantes, mas com cálculos em menor escala e maior precisão do que os atuais.


Preocupante. Os oceanos estão a aquecer 40% mais rápido que era previsto



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