Agora surgem novas evidências sobre a crosta da Lua que sugerem
que as diferenças foram causadas por um planeta anão que colidiu com a Lua no
início do nosso sistema solar. Um relatório sobre a nova pesquisa foi publicado
no Journal of Geophysical Research da AGU Planets.
Photo Pixabay |
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O mistério dos dois hemisférios da Lua começou na época de Apolo,
quando foram reveladas diferenças surpreendentes. As medições feitas pela
missão Gravity Recovery e Interior Laboratory (GRAIL) em 2012 deram mais detalhes
sobre a estrutura da Lua, incluindo como a sua crosta é mais espessa e tem uma
camada extra de material à sua volta.
Há várias teorias que tentam explicar a assimetria da Lua.
Uma é que já houve duas luas orbitando a Terra e elas se fundiram nos
primórdios da formação da Lua. Outra ideia é que um corpo grande, talvez um planeta
anão jovem, entrou em uma órbita ao redor do Sol o que o colocou em rota de
colisão com a Lua. Esta última ideia de que um impacto gigante teria ocorrido depois
da Lua ter formado uma crosta sólida, é a mais provável, disse Meng Hua Zhu, do
Instituto de Ciência Espacial da Universidade de Ciência e Tecnologia de Macau
e principal autor do novo estudo. Os sinais do tal impacto devem ser visíveis
na estrutura da crosta lunar.
"Os dados detalhados de gravidade obtidos pelo GRAIL
deram uma nova visão sobre a estrutura da crosta lunar abaixo da
superfície", disse Zhu.
As novas descobertas do GRAIL deram à equipe de
pesquisadores de Zhu novas evidencias que serão usadas com as simulações de
computador para testar diferentes cenários de impacto do início do período
lunar. Os autores do estudo executaram 360 simulações de impactos gigantescos
com a Lua para descobrir se o tal evento de há milhões de anos poderia
reproduzir a crosta da Lua de hoje, conforme detetada pelo GRAIL.
Eles descobriram a causa provável para a assimetria da Lua, é
um impacto de um corpo grande, com cerca 780 quilômetros de diâmetro, atingindo
o lado mais próximo da Lua a 22.500 quilômetros por hora. Isso seria o equivalente
a um objeto um pouco mais pequeno que o planeta anão Ceres, deslocando-se a cerca
de um quarto da velocidade dos meteoros e e meteoritos que todos os dias entram
na atmosfera terrestre. Outra simulação sugeriu um objeto um pouco menor, com
450 quilômetros de diâmetro, atingindo 24.500 quilômetros por hora.
"Hunter's Moon-5716.jpg" by stevelosh is licensed under CC BY-NC-SA 2.0 |
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Em ambos os cenários, o modelo mostra que o impacto teria
levantado enormes quantidades de material que voltaram a cair na superfície da
Lua, enterrando a crosta primordial do lado de fora em 5 a 10 quilômetros de
detritos. Essa é a camada adicional de crosta detetada pelo GRAIL, de acordo
com Zhu.
O novo estudo sugere que o objeto do impacto, não era
provavelmente uma segunda lua do início da Terra. Fosse o que fosse, um
asteroide ou um planeta anão, provavelmente estava em órbita a volta do Sol
quando colidiu com a Lua, disse Zhu.
O modelo de impacto gigante também dá uma boa explicação
para as inexplicáveis diferenças nos isótopos de potássio, fósforo e
elementos de terra-rara como o tungstênio-182 na superfície da Terra e da Lua,
explicam os investigadores. Esses elementos poderiam ter origem no impacto
gigante, que teria adicionado esse material à Lua após sua formação, de acordo
com os autores do estudo.
O novo estudo não apenas sugere uma resposta às questões em
andamento sobre a Lua, mas também pode fornecer informações sobre a estrutura de
outros mundos assimétricos no nosso sistema solar, como Marte.
"Este é um trabalho que será muito polémico",
disse Steve Hauck, professor de geodinâmica planetária da Case Western Reserve
University e editor-chefe da JGR: Planets . "Compreender a origem das
diferenças entre o lado mais próximo e o outro lado da Lua é uma questão
fundamental na ciência lunar. De fato, vários planetas têm dicotomias
hemisféricas, mas para a Lua temos muitos dados para testar modelos e
hipóteses".
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Fonte//ScienceDaily
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